O segredo do sucesso de Back In Black

Back in Black: 40 Anos de um Clássico do Hard-Rock e a Homenagem Póstuma a Bon Scott

0
158

É curioso dizer que o segundo álbum mais vendido da história da música é de hard-rock. Mais precisamente o álbum da banda australiana AC/DC, “Back in Black” de 1980. Lançado há exatos quarenta anos e com cerca de cinquenta milhões de cópias vendidas, Back in Black fica atrás somente do álbum de Michael Jackson “Thriller”, de 1982, que vendeu sessenta e seis milhões de cópias. Curioso também é o fato de o responsável pelo sucesso mundial da banda vir de um recluso produtor musical sul-africano radicado na Suíça chamado Robert John “Mutt” Lange.

É inegável que Back in Black é um fenômeno não só de vendas, mas também em termos de produção e de som. Antes disso, porém, a banda AC/DC já havia acertado a mão ao contratar Mutt Lange parra produzir outro mega sucesso: Highway to Hell”, de 1979. Todos os discos da banda AC/DC até então haviam sido produzidos por Harry Vanda e George Young, alcançando sucesso apenas na Austrália e Reino Unido. Era notório que para banda alçar voos maiores precisaria passar a um outro patamar de produção e foi justamente Bon Scott, vocalista mais influente da banda, que viu a necessidade de contratar um novo produtor.

Ao assumir as rédeas da produção musical de “Highway to Hell”, Mutt estudou o terreno e testou a banda para saber até onde poderia levar os então jovens componentes da banda. Nos discos anteriores não se ouvia Bon Scott soar tão bem como soava cantando a música título do álbum. A meticulosidade de Mutt unida à capacidade criativa e musical da banda resultou num disco multiplatinado nos EUA, Canadá e Austrália. A banda AC/DC havia passado no teste para irem rumo ao seu magnum opus. Mas, inesperadamente e vivendo numa verdadeira estrada para o inferno, Bon Scott falece vítima de uma overdose em fevereiro de 1980, às vésperas das gravações do disco que iria ser a maior homenagem póstuma que Scott receberia.

Na dúvida se continuariam ou não com o projeto, foi o pai de Bon Scott que encorajou e incentivou os integrantes da banda a não desistirem. Mutt, que já havia ouvido Brian Johnson cantar em alguns pubs no Reino Unido, indicou o cantor para assumir o posto de novo vocalista. Durante a audição, depois de cantar uma música de Tina Turner, foi admitido no grupo e partiu semanas depois às Bahamas para dar início as sessões de gravação de Back in Black.

Durante as gravações na ilha caribenha, o cuidado de Mutt em cada faixa e nota musical incomodava Malcolm e outros integrantes da banda. Após algumas semanas sob os olhos atentos de Lange no legendário Compass Point Studio, o disco ficou pronto. A preocupação do guitarrista Angus Young era de como seria a receptividade por parte do público sobre a entrada de Brian Johnson na banda. Bom Scott tinha um carisma ímpar como frontman do AC/DC até a sua morte, mas depois de algumas apresentações no Reino Unido com o novo vocalista ficou claro que a entrada de Brian na banda não foi uma substituição de Bon Scott. Foi uma perfeita não substituição do falecido vocalista.

Back in Black se tornou um megassucesso não apenas pelas belas composições e arranjos arrojados que fizeram brilhar os riffs de Angus e os poderosos vocais rasgados de Brian. Mas na maioria pelo brilhantismo de Mutt Lange. Isso ficaria provado nos trabalhos subsequentes nos quais o produtor trabalhou e que foram grandes sucessos: “Pyromania” e “Hysteria”, da banda britânica Def Leppard, que venderam juntos 22 milhões de cópias só nos EUA; Briam Adams, Foreigner, Billy Ocean, The corrs, Marron 5, Nickelback, Muse, Lady Gaga etc. Sem falar de Shania Twain que, sob a produção musical de Mutt, lançou “Come On Over” que se tornou o álbum de música country mais vendido história. Existem diversos motivos para celebrar os quarenta anos do maior álbum de hard-rock da história. Mas é unânime afirmar que o maior deles é a bela homenagem póstuma que o álbum faz à memória de Bom Scott.

Artigo anteriorA cobertura da pandemia do novo coronavírus trouxe maior credibilidade ao jornalismo
Próximo artigoJames Horner deixou saudades